Em termos de toponímia, Espinhel poderá vir do Latim vulgar spinum, que significa “espinho”, havendo registos de outras antigas grafias, como por exemplo: Spinitello, Spinelle, Spinel, Spiel.
Espinhel, Paradela e Oronhe, como povoações mais antigas da Freguesia, aparecem mencionadas em documentos que remontam à época da primeira reconquista cristã, no século IX, constando também estas localidades de uma relação de terras próximas do antigo foral de Recardães, com datação do ano de 982, conforme o “Inventário de Portugal”, nº IV, de Nogueira Gonçalves. O Rei D. Afonso IV, o Bravo, que reinou entre os anos de 1325 e 1357, integrou Espinhel no dote real para o casamento da Infanta D. Maria com D. Fernando de Aragão.
Com um complexo território montanhoso de arenito vermelho dos períodos geológicos do Triássico e do Cretácico, com cobertura de saibros do Jurássico, de florestação abundante, intercalando com vales sedimentares de férteis aluviões, a origem de Espinhel perde-se na bruma do tempo, tendo sido Vila rural romana, devido a situar-se dentro das rotas militares e comerciais, bem como à fertilidade da terra e à abundância de água, pela sua natureza fortemente ribeirinha.
Mais tarde, devido à preponderância de Espinhel na organização militar medieval da região, onde a hegemonia do guerreiro Cavaleiro Vilão ditava a lei com o fio da espada e a ponta das lanças, lançadas pelos seus servos da gleba, aproveitou tal facto às forças portucalenses comandadas por D. Afonso Henriques, o fundador da Nacionalidade, que aqui estacionaram e onde prepararam o avanço para a conquista de Montemor e Coimbra. À falta de fortificações militares na região, como são os Castelos, a morfologia geográfica local muito acidentada de montes e rios, ofereceu aos conquistadores as necessárias linhas de defesa natural. Na circunstância, o alojamento real esteve situado na povoação de Oronhe, situada na margem direita do rio Águeda. Segundo um cronista da época, situa aqui uma curiosa relação do nosso primeiro rei, com a mulher de um comandante das suas tropas, fazendo jus à sua fama de ter tanto de valentia como de mulherengo.
Como consequência da importância em termos de história, das rotas e capacidade militar, dos recursos agrícolas e florestais, bem como da abundância em materiais de construção usados na época, Espinhel teve atribuído Comenda Real e depois foi constituído Vigararia da poderosa Casa de Bragança, onde possuía a Quinta das Lágrimas local, que hospedava periodicamente membros da realeza, com destaque para os Reis D. Manuel I e D. Luís. Esta herdade real funcionava como extensão da famosa e trágica Quinta das Lágrimas de Coimbra, onde foi assassinada D. Inês de Castro no ano de 1355.
A dimensão territorial espinhelense de outrora, foi muito maior que actualmente, nomeadamente quando se estendia para além do rio Cértima, pela actual Freguesia de Oiã e até ao Troviscal, cujas áreas foram desbravadas e povoadas a partir de Espinhel, após o avanço para Sul das forças portucalenses, sendo Perrães [deriva de "pé rans”, ou seja “ao pé de rãs”] o primeiro povoado ali criado. Depois de séculos de vida em comum, Oiã separou-se de Espinhel em 1798.