Natureza

Património - Natureza

Lagoa

pateira1A lagoa da Pateira, localizada nos concelhos de Águeda, Aveiro e Oliveira do Bairro, pode atingir uma área máxima de 5 Km2 sendo considerada como a maior lagoa natural da Península Ibérica.  

 

O termo “Pateira” encerra a especificidade da região do Vouga e afluentes designando, por si só, abundância de patos.

 

Em termos hidrográficos, a lagoa está compreendida na bacia hidrográfica do rio Cértima, a qual por sua vez, se insere na bacia hidrográfica do rio Águeda e esta, na bacia do rio Vouga. Alimentada a montante pelo rio Cértima e a poente pela ribeira do pano, apresenta um imponente espelho de água, que se vislumbra das diferentes freguesias que confrontam com a lagoa e de onde se destacam as do concelho de Águeda: a União das Freguesias de Recardães e Espinhel, a União das Freguesias de Travassô e Óis da Ribeira e ainda a Freguesia de Fermentelos.

 

pateira7Assim, a Pateira e área envolvente, sobressai não só pelo património paisagístico, mas sobretudo pela diversidade florística e faunística que lhe está associada. Acerca desta última, é a diversidade de avifauna que ocorre na lagoa e habitats associados que lhe confere o estatuto de protecção comunitária pela Directiva Aves e que seja classificada como “zona sensível” (decreto –lei n.º 152/97, de 19 de Julho, anexo II), tratando-se de uma importante e extensa zona húmida da REDE NATURA 2000 (Zona de Proteção Especial da Ria de Aveiro - PTZPE0004), que assume grande importância para o equilíbrio dos sistemas naturais da zona, não apenas pelo que representa para as populações locais, no contexto natural, socioeconómico, cultural e turístico, mas também em termos ecológicos, botânicos, zoológicos e hidrológicos.

 

Em Novembro de 2012, a Pateira e demais áreas limítrofes compostas pelos vales dos Rios Águeda e Cértima, foi incluída na rede de Zonas Húmidas de Importância Internacional – RAMSAR.  


BIODIVERSIDADE FLORÍSTICA

pateira5Nesta área, no sistema lacustre composto pelas várzeas dos Rios Águeda e Cértima, periodicamente inundadas, ocorrem importantes mosaicos de habitats e ecossistemas associados de vegetação natural em áreas inundáveis. Estes mosaicos conferem ao local potencialidades particulares únicas em termos de refúgio, alimentação e reprodução para as várias espécies da fauna, e avifauna em particular, bem como um potencial estético e paisagístico.
Dominam habitats com povoamento de Caniço (Phragmites communis), Tábua (Typha sp.), Bunho (scripus Lacustris). Ocorrem ainda comunidades (ou mosaicos de comunidades) de plantas vasculares com macrófitas flutuantes, enraizadas ou suspensas entre o fundo e a superfície: a erva-pinheirinha (Myriophyllum sp.), os Nenúfares (Nymphaea sp., Nuphar luteo) e o Jacinto –de –água (Eichhornia crassipes).


A presença do Jacinto-de-água (Eichhornia crassipes), de forma descontrolada, no leito de água, traz consequências nefastas para o ecossistema. É uma planta aquática invasora (Dec. Lei 565/99), originária das regiões tropical e subtropical da América do Sul e introduzida em Portugal como planta ornamental, devido à beleza das suas flores. É uma planta que se multiplica com rapidez e abundância, formando extensos “tapetes”. Como tal, a ocorrência e a disseminação desta espécie exótica infestante na Pateira constitui um dos principais factores que contribui para a degradação desta zona húmida que urge recuperar e preservar.


A aquisição a 13 de Dezembro de 2006, pela autarquia aguedense de uma ceifeira mecânica para controlo de jacinto-de- água na Pateira, apesar de exigir manutenções constantes, permite melhorar as condições ecológicas e hidrológicas do sistema aquático, recuperar o espelho de água e melhorar a capacidade para suportar actividades lúdicas e de lazer na área.


BIODIVERSIDADE FAUNÍSTICA

pateira9Particular destaque para: Garça-vermelha (Ardea purpurea - nidifica na área uma das maiores colónias do país), Garçote (Ixobrychus minutus), Águia-sapeira (Circus aeruginosus), Camão (Porphyrio porphyrio), Milhafre-preto (Milvus migrans) e o Guarda-rios (Alcedo atthis), Barbo-do-Norte (Barbus bocagei), a Boga (Chondrostoma polylepis), o Ruivaco (Rutilus macrolepidotus), a enguia (Anguilla anguilla), entre outros, cujo estatuto fenológico varia entre nidificantes, invernantes, migradores de passagem ou residentes e que possuem diferentes estatutos de protecção.

Referências Bibliográficas: Célia Laranjeira (Licenciada em Biologia, Mestrado em Ambiente)

Parque da Pateira de Espinhel

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Situado na margem nascente da maior lagoa natural de Península Ibérica, com um microclima único de especial frescura nos dias cálidos de verão, que aliado à rara beleza natural do local surpreende os visitantes.

 

O Parque tem em curso projecto de requalificação ambiental e paisagística da Pateira de Espinhel. A remoção do jacinto foi apenas a 1ª fase, que engloba entre outras medidas e acções que visam o desenvolvimento sustentável, a conservação e protecção da Natureza e, consequentemente a Requalificação Ambiental e Paisagística da maior lagoa natural da Península Ibérica.


Pretende-se dotar a Pateira de Espinhel com infra-estruturas adequadas que permitam a conservação, a observação e a interpretação da natureza.  


Tem ainda reunido com diversas entidades, de forma a solucionarmos alguns problemas que persistem na Pateira de Espinhel, tais como controlar os jacintos com as cheias, sistema de rega, caminhos pedestres, etc.


Entendemos que a Pateira de Espinhel tem potencialidades únicas para se tornar num espaço sustentável, que passará pela aposta no Turismo de Natureza aliada à preservação, requalificação e embelezamento dos lugares rurais e ribeirinhos da União das Freguesias de Recardães e Espinhel.
Pretendemos melhorar a qualidade de vida da população e fortalecer o orgulho pela sua terra sem nunca esquecer a simplicidade natural pela qual fomos presenteados.

Geologia de Espinhel

As formações rochosas de arenito vermelho, do período geológico do Triássico que ficaram expostas com a abertura em 1998/1999 da variante do Serpel, tem vindo a merecer grande interesse para o estudo científico, especialmente pela Universidade de Aveiro.
Espinhel, do ponto de vista geológico, apresenta as três unidades geológicas fundamentais presentes na Península Ibérica. Tais unidades são: o Maciço Hespérico, as Orlas Mesozóicas e a Cobertura Cenozóica.

 

Maciço Hespérico      
Como rocha mais antiga na freguesia, pertencente ao Maciço Hespérico, encontra-se em alguns locais do subsolo o “Complexo xistograuváquico” (com mais de 500 milhões de anos).
É formado por intercalações de xisto, arenitos e conglomerados metamorfizados (os grauvaques).
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Todas as rochas mais recentes presentes em Espinhel são formadas a partir de sedimentos, seu transporte, deposição e diagénese.

 

Orlas Mesozóicas
Pertencente à Orla Mezosóica, assentam em discordância com os xistos as rochas sedimentares do Triássico Superior (213 M.a. a 219 M.a.), compostas por arenitos e argilitos de tons vinhosos com grande compactação e sedimentos do Cretácio (100 M.a. aos 65 M.a.), constituídos por arenitos de granulometria variada com leitos de argila.
O Triássico Superior é formado pelos “Arenitos de Eirol”, que se dispões numa estreita faixa, que circunda os vales dos rios Vouga e Águeda e encontra-se particularmente desenvolvido na região de Eirol. Na freguesia de Espinhel constitui os estratos observáveis na estrada de Óis da Ribeira para Espinhel e na estrada de Travassô para Oronhe, que ladeia a linha do comboio. Na sua coloração predominam os tons vinhosos e púrpura, mas algumas camadas apresentam coloração amarela, esverdeada, acinzentada ou mesmo negra.
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Como se formaram estas rochas?
Para o bordo de um mar interior da Laurásia foram transportados sedimentos. O clima era tropical, com temperaturas elevadas e uma estação de chuvas abundantes e outra seca. Estes depósitos ter-se-ão formado durante chuvas torrenciais e terão sofrido desidratação durante os períodos secos e quentes, o que favoreceu a oxidação de certos elementos minerais, como o ferro e o manganês, que se encontram hoje com cor negra. Actualmente, por exposição ao ar, esta rocha apresenta coloração vinhosa.

O “Grés do cretácico” apresenta também tons vinhosos nas superfícies expostas, nomeadamente, nas barreiras de estrada, mas quando escavado revela tons cinza, rosa e castanhos. Pode ser encontrado na estrada do Serpel, junto ao campo de futebol, na barreira de estrada da Piedade para Perrães e nas barreiras junto ao caminho-de-ferro em Oronhe. Têm uma compactação reduzida, quando comparado com os sedimentos do Triássico.
Para retirar sedimentos do Triássico é necessário martelo, já para os do Cretácico é possível extrair alguns com a mão. Os sedimentos são da dimensão das areias com alguma argila e areão, o que leva a considerar que tiveram pouca duração de transporte. Nos estratos destes sedimentos é possível observar marca de canais divagantes e variação na energia de transporte, pois há estratos com granulometria variada.


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Em que condições se depositaram estes sedimentos?
Com o afastamento da América e o crescimento do Oceano Atlântico (de 144 a 66 M.a), mais bordo continental da Península Ibérica fica emerso. Para os novos bordos continentais foram transportados sedimentos, pelos rios que ao definindo os seus vales originaram depósitos aluvionares na zona da foz. Os arenitos do cretácico em Espinhel foram resultado de depósitos da zona de foz de um rio.

 

Orlas Cenozóicas  
 A Cobertura Cenozóica encontra-se sobre os sedimentos do Triássico e Cretácico. Tem cor clara com tonalidades de amarelo-dourado (são os “Depósitos de Cascalheira”) e branco-sujo (os “Terraços Fluviais”, que não de encontra presentes em Espinhel) e datam do Pleistocénico (1,6 M.a. a 0,01 M.a.).
Os “Depósitos de Cascalheira” originam relevos bastante planos e constituem depósitos superficiais que deram origem a bons campos agrícolas. São constituídos por leitos de areia e cascalheira, em que os sedimentos têm rolamento quase sempre acentuado, mesmo nos de pequenas dimensões. As areias variam de finas a grosseiras e podem ser mais ou menos siltosas. Ocorrem com alguma frequência camadas argilosas com vários metros de espessura.
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Em que condições se depositaram estes sedimentos?
A deposição destes sedimentos foi controlada essencialmente pelo nível médio da água do mar, que variou em função das glaciações. Trata-se de areias formadas em zonas condicionadas por marés.

 

Inclinação dos Estratos
Ao contemplarmos a paisagem junto à passagem de nível em Oronhe verificamos que Espinhel se situa num vale em V, este vale foi preenchido por cascalheira, mas como é mais friável está erodida. Porque temos então na estrada do Serpel, à mesma altitude, matérias com idades tão díspares? Voltando-nos para a barreira que se encontra junto ao local onde estamos a contemplar a paisagem verificamos que ela é um conjunto de grabens e horsts, ou seja, apresenta falhas que elevaram alguns terrenos e baixaram outros.

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Esta situação merece um estudo científico de pormenor, atendendo a que o relevo desta freguesia se relaciona com um sistema de falhas, que permitiu o encaixamento do Rio Vouga e neste momento será influenciado pela subsidência dos sedimentos depositados na Pateira de Fermentelos e no leito do rio Vouga e Cértima.

 

Aproveitamento da geologia local
Ao circular pela Freguesia é frequente ver o aproveitamento da geologia local nas construções mais antigas. Há casa alicerçadas nas rochas aflorantes, algumas usam o “Arenito de Eirol” ou o “Grés do cretácico” como pedra de construção, outras foram feitas de adobes resultantes do aproveitamento dos “Depósitos de cascalheira”. É curioso ver também como os calhaus rolados, transportados actualmente pelos rios, foram aproveitados para auxiliar nas construções ou, actualmente, para adorno.
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Referências Bibliográficas: Eunice Figueira (Mestrado em Geologia)

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